
“FAMÍLIA – LABORATÓRIO DA CARIDADE”
É impossível falar no progresso da humanidade e das sociedades sem se falar da família. Ela é o berço de tudo. Nela tudo se aprende e apreende. Não há realidade alguma que fique fora do âmbito da família.
Por isso, a Igreja investe e se ocupa tanto com a Família. Ela sabe que sem família não se pode falar em humanismo ou em dignidade humana. Promover o bem da pessoa envolve a família, em todos os seus membros, em todas as etapas da vida, as festivas e cheias de esperança, como as tristes e mais frustrantes da nossa existência.
A preocupação da Igreja está bem patente no sínodo que o Papa Francisco promoveu, e na sua consequente exortação apostólica Amoris Laetitia. E este ano, ao comemorar o quinto aniversário da mesma, o Papa volta a surpreender com o anúncio de um ano dedicado à Família.
Com tudo isto, o Sucessor de Pedro sublinha que a Família tem um lugar cimeiro na vida da Igreja e da sociedade.
Quando afirma, no primeiro número da Amoris Laetitia: “O anúncio cristão sobre a família é verdadeiramente uma boa notícia”, está precisamente a enaltecer o papel imprescindível do evangelho da Família cristã para os dias de hoje.
Este tem sido o exercício das equipas de pastoral familiar de São Martinho de Brufe e de Sto. Adrião de Vila Nova de Famalicão, há já quinze anos. Este ano, não obstante todas as dificuldades que a pandemia nos cria, não deixaremos de dar continuidade a esta missão. Com moldes diferentes, totalmente digital, não num dia mas em todas as sextas feiras do mês de Fevereiro do corrente ano, às 21h15, através dos meios digitais. Será um desafio até para as próprias equipas.
No programa pastoral arquidiocesano podemos ler: “A credibilidade da Igreja manifesta-se na vivência do amor. Ora, a família é a casa do amor, onde habita a presença do Senhor (cf. Amoris Laetitia, 315). O recente período, em que fomos obrigados a ficar confinados em nossas casas, leva-nos a olhar para a realidade da família com novos olhos”.
Tendo em conta este novo olhar, pensamos no seguinte tema: “Família – laboratório da caridade”. Contudo, este tema geral é depois subdividido em temas mais específicos: 1. Trabalho e lazer (dia 5 de Fevereiro) com a Dra. Fátima Amorim; 2. Igreja Doméstica (dia 12 de Fevereiro) com o Dr. Juan Ambrósio; 3. Amor e Divórcio (dia 19 de Fevereiro) com o Sr. D. Nuno Almeida, Bispo Auxiliar de Braga; 4. Caridade conjugal (dia 26 de Fevereiro) com o casal Pedro e Catarina Portela.
Gostaríamos que estas sextas de partilha e reflexão fossem uma oportunidade para as famílias cristãs repensarem o seu lugar na igreja e na sociedade. Que redescobrissem as suas prioridades e assumissem a possibilidade de um outro caminho, de uma outra vida familiar. Que se tornassem em verdadeiras comunidades crentes e evangelizadoras (cf. Familiaris Consortio, 51), vivendo a liturgia da vida e do quotidiano. De facto, a família pode ser o primeiro lugar onde é exercitado o Evangelho ao jeito e estilo do Bom Samaritano.
Acreditamos que a família é mais importante do que a escola. A escola é fundamental, mas a família é imprescindível e insubstituível na transmissão dos valores cristãos da vida. O lar é um verdadeiro laboratório, um espaço de descoberta e de aprendizagem contínuas.
Diz D. António Marto, na Carta Pastoral “Chamados à Caridade”, de 2010: “A primeira casa e escola onde somos iniciados à caridade e chamados a vivê-la e a testemunhá-la é, por natureza, a família. “A caridade bem ordenada começa na própria casa”, diz o adágio. É aí que fazemos a primeira experiência do amor humano mais gratuito e generoso: de pais e filhos e de irmãos. Hoje, múltiplos fatores, desde o desencontro dos horários de trabalho até às solicitações das novas tecnologias, desde a ruptura cultural entre as gerações à perda de valores educativos, provocam um curto circuito na circulação e no crescimento deste amor familiar: na proximidade, na disponibilidade, no acolhimento, no diálogo e no sacrifício de uns pelos outros. A caridade, o amor gratuito, oblativo e generoso é o que torna mais bela a família. Por isso, sugiro a cada família fazer um exame de consciência sobre a qualidade das suas relações, cultivar gestos de partilha com os mais necessitados, educar os filhos para a generosidade e gratuidade no serviço aos outros. Com confiança e afecto faço um apelo: “Família, reacende o fogo da caridade que está em ti”! Que estas Jornadas, em tempo de pandemia, a suscitar a caridade de todos, nos ajude a fazer o exame de consciência que nos sugere o Sr. Cardeal D. António Marto e, ao mesmo tempo, desperte em nós o fogo da caridade, escondido na cinza das dificuldades e dos problemas dos nossos dias.